Foto: Eni Cunha

As Lições de Arismar do Espírito Santo com
"Flor de Sal"

Álbum cheio de suingue e muitos convidados será lançado
em duas noites, sábado e domingo, no SESC Pompéia

O termo ‘música instrumental’ pode levar a um equívoco em Flor de Sal. Arismar do Espírito Santo, um dos maiores de seu tempo, pode ser entendido assim, sob a sombra do termo, como distante, acadêmico, cerebral. Mas sua cabeça está também no espírito das canções e sua “música instrumental” tem voz.

A Big Band Não Veio já é assim, a faixa que abre o disco. Arismar coloca a voz nas flautas de Léa Freire (esses dois em um mesmo palco já é um acontecimento), deixa a bateria com Cleber Almeida, o trombone com Sérgio Coelho, e assume, na gravação, o baixo e a guitarra. Um absurdo de suingue. Vem toda uma pressão em cada tema, passando por delicadezas como São Domingos Sanfoneiro, uma memória imediata de Dominguinhos.

Arismar lançou Flor de Sal em 2017, mas faz seus shows no Sesc Pompeia neste sábado (9), às 21h, e domingo (10), às 18h. Como acontece sempre que evoca gigs, terá uma fila de convidados esperando a chamada. Léa Freire, o filho também baixista Thiago Espírito Santo, Trio Macaíba, o sanfoneiro Bebê Kramer, o violonista cearense Cainã Cavalcante, o estupendo baixista Michael Pipoquinha e o percussionista onipresente Mestre Dalua.
Os shows terão propostas distintas. No sábado, a pegada será forrozeira. “A ideia é virar cristal juntos, no calor da tocata. O encontro de seres musicais harmônicos, mais rítmicos do planeta”, diz.

No domingo, ele deixa o baixo (que vai alternar na estreia sobretudo com a guitarra) para se dedicar ao piano e à bateria. Em tese, será uma noite mais calma, ainda que essa palavra não combine muito com o poder incendiário da presença de Arismar em um palco.

Estado de São Paulo - Caderno 2
08/06/2018 - Por: Julio Maria
SESC Pompéia


Arismar grava o CD 'Roda gingante' com inéditas e músicos radicados no Rio

O multi-instrumentista paulista Arismar do Espírito Santo - virtuose do baixo e de vários outros instrumentos - está gravando na cidade do Rio de Janeiro (RJ) um álbum de músicas inéditas de sua própria autoria. O disco se chama Roda gingante e tem lançamento previsto para este segundo semestre de 2015 pela gravadora Maritaca. A ideia de Arismar foi gravar um álbum com músicos radicados no Rio de Janeiro, mas que não nasceram na cidade. Fazem parte da banda recrutada para o CD o acordeonista gaúcho Bebê Kramer, o gaitista brasiliense Gabriel Grossi e o guitarrista uruguaio Léo Amuedo, em cujo estúdio caseiro o disco está sendo gravado. O repertório é formado por 11 temas e três vinhetas que costuram o repertório. Sucessor de Roupa na corda (Maritaca, 2013), o CD Roda gingante é o 11º título da discografia do (polivalente) Arismar do Espírito Santo.

© www.blognotasmusicais.com.br: 1º de Julho 2015
por: Mauro Ferreira
foto:
Eni Cunha




TAL PAI, TAL FILHO

Mesmo tocando diversos instrumentos é impossível
desvincular a imagem de Arismar do Espírito Santo do contrabaixo.
Foi assim que ele se destacou no cenário da música instrumental, tanto em seu primeiro disco solo, lançado em 1993, como em trabalhos com os mais diversos artista, Arismar tem um estilo único de tocar - suingado, percussivo e muito intuitivo -, que ele começou a desenvolver desde os tempos que se apresentava na Baiuca, famosa casa de jazz localizada no centro de São Paulo, na década de 1970.

Seu filho Thiago Espírito Santo seguiu os mesmos caminhos musicais do pai e decidiu se dedicar a arte dos graves. Ele conquistou seu espaço, e hoje, assim como o pai, já é considerado um dos grandes nomes brasileiros do instrumento. Conversamos com ambos os músicos, que estão levando adiante o DNA do baixo no país.

Faça o Download em pdf das entrevistas na íntegra:
GRAVES INTUITIVOS - Arismar do Espírito Santo por Fábio Carrilho
DE PAI PARA FILHO - Thiago Espírito Santo por Fábio Carrilho

Download gentilmente cedido pela Revista Bass Player Brasil


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Choro Jazz - Fortaleza | " OFICINA MUSICAL PARA TODOS "
Em sua quarta edição, evento no Ceará ganha público e maior participação de aprendizes

Nas ruas de areia, a população da vila comentava que esta foi a melhor edição do festival Choro Jazz Jericoacoara. Muitos visitantes de várias partes do Brasil e do exterior, que estiveram aqui nos anos anteriores, voltaram para acompanhar a série de shows e oficinas durante seis dias. Consolidado localmente e com repercussão internacional, o evento, que passou a integrar o seletivo Womex (European Forum of Worldwide Music Festivals), também estendeu as asas sobre Fortaleza em bem-sucedida investida na semana anterior. Defato, a reação dopúblico e o maior número de visitantes, músicos nas funções de professores e alunos que acorreram com entusiasmo impressionante aos shows e, principalmente, às oficinas, confirmam a opinião geral. “Em2009, as oficinas tinham um cunho social de um trabalho mais das pessoas da região. Hoje a gente vê que isso mudou, não só com mais gente daqui, como com outras partes do Brasil”, observa o produtor César Carrilho, coordenador do sworkshops.
É nesse aspecto que o festival – que “já começou grande”, como diz seu idealizador, o produtor Capucho – cresceu mais e mostrou a que veio: formação de instrumentistas e de plateia, com música que prima pela excelência artística e vai além do choro e do jazz.
Com o funcionamento da escola de música Choro Jazz desde o início do ano, aprendizes de Arismar do Espírito Santo, Alessandro Penezzi, Maurício Carrilho e outros músicos do mesmo calibre passaram a ser professores locais. Na abertura do festival, com arranjos do tecladista Jânio Silva, de 23 anos, ao lado do guitarrista Giuliano Eriston, de 15, e seu irmão, o percussionista e baterista Marcos Vinicius, de 17, o resultado do investimento ficou evidente.
“Desde o primeiro tem gente sempre vindo. Todo mundo está evoluindo e vem chegando mais gente. Este ano acho que teve o dobro. Capucho arrumou o centro comunitário pra galera ter onde ficar, dormir e se alimentar, isso tem ajudado muito”, diz Jânio. O show do Bandão Choro e Jazz, formado por esses novos “formadores” e seus alunos – com participações de Arismar e Teco Cardoso –, arrancou elogios de feras como Cristóvão Bastos e Sergio Assad. “Eles estão absorvendo ao máximo do jeito mais puro, que é tocar. São todos valentes. Cada um toca de acordo com sua facilidade. Estamos num lugar super diferente fazendo música diferente, está tudo certo. Essa é a harmonia”, diz Arismar, que já virou uma espécie de emblema do festival, toca no palco com diversos parceiros tocando inúmeros instrumentos, nas rodas de choro improvisadas e ministrando oficinas de prática de conjunto desde a primeira edição.
O bom humor de Arismar (o que é mais um atrativo para os jovens aprendizes) parece ter se expandido por todas as oficinas este ano, entre elas a do cantor Filó Machado, estreante no evento, que já planeja a volta em 2013. “Pra mim, foi uma surpresa maravilhosa, por ter encontrado profissionais e semiprofissionais empenhados, cantores e instrumentistas misturados. Minha oficina é de vida musical e o pessoal absorveu isso de uma maneira muito bacana. Tanto Filó, Arismar, Fábio Pascoal e outros formam coro ao defender a apresentação do resultado das oficinas no palco do festival, como ocorreu no ano passado, por iniciativa de Pascoal, e se ampliou nesta edição. É uma grande motivação para os alunos.“
Ao contrário das outras oficinas, na minha de percussão muita gente vai sem saber tocar. Alguns que vieram no ano passado e não sabiam nada voltaram já sabendo tocar. Porque o menino que aprendeu e está ensinando agora deu uma continuidade que antes não tinha”, diz Pascoal. “Este ano fluiu tudo melhor.”

© O Estado de São Paulo Caderno 2 - 12.12.2012
Jericuacuara por: Lauro Lisboa Garcia


Arismar do Espírito Santo é um músico de raro talento, um legítimo multiinstrumentista que se dá bem com praticamente qualquer instrumento que caia em suas mãos. É difícil dizer o que ele toca melhor. Contrabaixo? Piano? Bateria? Violão?

Na verdade, isso não faz a menor diferença. O que importa é que todos nós ganhamos com a boa música que Arismar compõe e executa, com um raciocínio “cruzado” em que cada instrumento que ele toca sempre é influenciado por outro. O nível dos músicos com quem Arismar já tocou é impressionante. Esta lista comprova: Banda Mantiqueira, Borguetinho, Cesar Camargo Mariano, Dominguinhos, Dory Caymmi, George Benson, Hélio Delmiro, Henrique “Zurdo” Roizner, Heraldo do Monte, Hermeto Pascoal, Jane Duboc, João Donato, Joyce, Lenine, Leny Andrade, Liliana Herrero, Lisa Ono, Lucho Gonzales, Luís Eça, Maurício Carrilho, Maurício Einhorn, Naná Vasconcelos, Nat Reeves, Paquito D’Rivera, Paulo Moura, Raul de Souza, Roberto Menescal, Roberto Sion, Sebastião Tapajós, Toninho Horta, Trio Fattoruso e Yuka Kido, entre outros. Participou de várias turnês internacionais — com Hermeto Pascoal, por exemplo, já esteve em sete países da Europa.

Para apresentar esta entrevista, tive o prazer de acompanhar parte das gravações do novo projeto de Arismar tocando bateria, o “Batuqueiro”, ao lado do guitarrista Michel Leme e do filho Thiago do Espírito Santo, que toca contrabaixo no projeto e está seguindo os passos do pai como multi-instrumentista. Depois batemos um papo com Arismar em sua própria casa, acompanhado de um delicioso café e de seus belos cães Arroz e Feijão. Conheça um pouco mais sobre esse excelente músico que toca com paixão, com muito bom gosto e “com 10”!

MD: Você é um reconhecido multi-instrumentista. Quando a bateria surgiu na sua vida?
Arismar: A bateria apareceu na minha vida em 1973. Foi o meu primeiro instrumento, apesar de sempre ter tido contato com o violão. A primeira bateria foi uma Pinguim com tom de 13”, surdo de 16”, bumbo de 20” e caixa de madeira de 14”. E um set Zildjian: chimbal de 13” e um ride de 20”. Na época, usar crash era um luxo. Com isso já dava pra tocar tudo. Tocava jazz, samba... e o pedal era o Speed King, que fazia um barulho que dava a impressão de ter um gato no bumbo, mas era o melhor! E também era só botar um óleo Singer pra ele parar de reclamar. Na época eu via vários músicos tocando na noite, em casas como a Baiúca e a “Igrejinha” (Boate Igreja). Via bateras tocando “com 10” e me inspirava. Depois comecei a tocar bateria na Baiúca. Era a onda do sambão rápido, quando comecei a fazer a terceira entrada na Baiúca. A galera ia pra curtir mesmo e saía cantando, dançando, não tinha essa de festinha, uisquinho, era um grito de liberdade do pessoal. Havia muitos bateras bons que atuavam no circuito. José Dalóia (Zinho), Toninho “semifusa”, o Realcino Lima Filho (Nenê), o Mestre Tatá, o Douglas...

MD: Infelizmente, muito músico no Brasil mal conhece as raízes da própria música brasileira. O que você acha disso?
Arismar: Aqui muita gente vai na onda do que surge em determinado momento: “Pô, fulano gravou um som, então vamos todos tocar daquele jeito”, e sai todo mundo copiando. O povo gostou do (Steve) Gadd. Aparecem com a “baqueta pretinha” assinada por ele e tocam (Arismar canta um groove de bateria). Pô, ele toca pra caramba o som dele... Mas isso é outra onda. O som daqui é muito rico. Tem muita gente aqui que fica na sombra de gringo, e eu acho engraçado isso.

MD: O que você acha legal um baterista saber em termos de técnica para tocar ritmos brasileiros?
Arismar: É basicamente conhecer música e a divisão dos instrumentos de percussão. No samba, por exemplo, tem a linha do tamborim, do repinique... Naquela época, quando comecei com a bateria, não tinha um método para estudar levadas de música brasileira. Para tocar baião você tem de conhecer o que rola na zabumba. O Toninho Pinheiro fazia isso bem com o maxixe, atualmente quem faz isso muito bem é o Edu Ribeiro. E na bateria é imprescindível você tocar ouvindo. Se parar para pensar, você produz 50 timbres no instrumento, mas nos outros não existe tanta variação de timbre.

MD: O batuque que você faz no baixo vem da bateria, então.
Arismar: É da bateria! Acho que todo músico deve tocar bateria. Tem essa questão do tempo, de cultuar o tempo. Um guitarrista deve tocar guitarra e bateria. Um pianista deve tocar piano e bateria. Quando você senta e toca uma levada na bateria, ela já sai com vários sabores. Tem melodia, tem tudo. Só quem toca sabe como é essa viagem. A bateria é viva.

MD: Como foi seu desenvolvimento na bateria? O que você gostava de estudar?
Arismar: Eu tirava som e levadas de discos. Tocava a bateria junto com o disco. Gostava de tocar junto com o Som Três, com Toninho Pinheiro na bateria, com o Oscar Peterson Trio, com Ed Thigpen, Louie Bellson. Eu ia ver o Toninho tocar com o Dick Farney Trio, ao lado do Sabá no contrabaixo. E tudo soava bem pra caramba.

MD: Você faz conduções em semicolcheias muito rápidas. Como desenvolveu isso?
Arismar: Tem o lance de a baqueta fazer um pêndulo e usar só movimento de ida, e o movimento da volta é natural. Para a minha mão, preferi colocar a baqueta entre o indicador e o dedo médio para fazer esse pêndulo e realizar os movimentos.

MD: Conte-nos sobre seu novo projeto, “Batuqueiro”, em que você toca bateria ao lado do guitarrista Michel Leme e do baixista Thiago Espírito Santo.
Arismar: A ideia foi buscar uma acústica de “garagem”, imaginando a bateria como um piano. Usei afinação específica para os tambores. Para fechar essa sonoridade tive a sorte de contar com o talento e a dedicação de dois músicos que praticam esse mesmo pensamento: tocar para fora, quebrar tudo, mas sempre ouvindo e dialogando. Foi fácil achar o estúdio para gravar esse trabalho. Tinha de ser o estúdio de um baterista! Quando ouvi o Neural Code (Kiko Loureiro, Thiago Espírito Santo e Cuca Teixeira), gostei muito do resultado sonoro.
O estúdio Porão, dos irmãos Wilson Teixeira e Cuca Teixeira, tira um som real do instrumento. Gravamos como se estivéssemos em um palco, sem dobras, sem emendas, sem refazer nada. Acredito que essa seja a forma sincera de se fazer um CD.

MD: Para a gravação desse projeto, como você pensou em seu kit?
Arismar: Imaginei uma bateria em que eu pudesse batucar à vontade, sem me preocupar com grooves ou levadas, mas sim, criando momentos de troca. Olhando de frente para a música, busquei a criação de uma imagem, uma cor nova em minhas músicas. As harmonias vêm na frente (harmonia da música, entre os músicos, técnicos, da vida), as melodias dando forma e o ritmo envolvendo tudo, como o pulsar desse encontro.

MD: Como você captou o som?
Arismar: Usei seis microfones: dois overs na frente, dois overs atrás, um na caixa e um no bumbo. Porque essa microfonação capta exatamente o que meus ouvidos registram. Quanto à afinação, imagino minha Bauer como um piano: dependendo do tom da música, busco as notas nela.

MD: Que kit você usou para a gravação do projeto?
Arismar: O kit que usei foi uma Bauer, com bumbo de 18”, toms de 8”, 10” e 12”, surdos de 14” e 16”, caixa de madeira 14”x8”, pratos Zildjian Constantinople Big Band de 21”, Fast Crash A Custom de 18” e de 15”, um velho “chuveiro” Avedis de 20”, um Zil Bel de 9”, china de 18” A Custom, chimbal K Mastersound de 14”, tamborim, agogô de três notas Torelli, triângulo, pandeiro do Raposo e um garrahand (instrumento argentino muito bom de tocar). Uso peles Aquarian pretas e uma pele Dudu Portes branca no surdo de 16”. As baquetas são Vic Firth SD2 Bolero, vassouras Jazz Torelli e um triângulo grande que toco junto com a caixa, tirando harmônicos.

MD: Como o fato de ser um multi-instrumentista reflete na hora de pensar nas linhas de bateria?
Arismar: Tocar vários instrumentos nessa hora só soma. Acreditar que a música é maior que nós mesmos é um ótimo começo. Imagino a bateria total, com notas: monto acordes, procuro criar timbres que ornem com a música que estou fazendo, como um arranjo espontâneo.
E, para variar, depende de com quem você está tocando.

MD: Como você vê o atual cenário da música brasileira?
Arismar: Positivo, criativo e otimista. Tem muito músico bom na área, e tem muito mais chegando por aí.

MD: Você já tocou ao lado de músicos de alto calibre em diversos lugares do mundo. Como os “gringos” enxergam a nossa música?
Arismar: Com o mais puro encantamento. Em uma recente turnê pelos EUA com o Água Marinha Trio (Rogério Boccato e Vinícius Dorin), senti isso ao vivo e em cores: seja nas masterclasses nas universidades, seja nos concertos que apresentamos. Sei que eles inventaram a bateria, mas a mistura de ritmos e a pegada aqui são outras. Além do quê, depois do caboclo YouTube, ninguém mais se esconde! Todo dia rola muito som em São Paulo. Há teatros, botecos, ruas, escolas... daí que vem a alta espionagem.

MD: As músicas estão cada vez mais “pasteurizadas”. Que dica você daria para quem começa a se aventurar no cenário da música instrumental?
Arismar: Hoje em dia tem um tipo de público que é interessante. O pessoal vem falando: “Pô, você faz show para cem pessoas...”. Eu toco para cem pessoas, mas toco sempre para cem pessoas. A Beyoncé tem de se esforçar muito para encher um estádio com 50 mil pessoas. Mas, no final da carreira, tocando sempre para cem pessoas, você terá tocado para um monte de gente e conseguido se expressar. A música tem esse dom, de você conseguir conversar com as pessoas por meio dela. As pessoas sacam que você está fazendo música. A dica que dou é que você seja sincero com a sua música, estude seu instrumento, sem essa de “paixão triste”. Só não se esqueça de que a gente faz música para a torcida.

MD: Conte-nos sobre seu projeto ao lado do guitarrista Leonardo Amuedo.
Arismar: Leo é um grande músico, toca com 10, toca pra gig mesmo! Demos canjas juntos e armamos de um dia gravarmos. E aconteceu. O CD Essa Maré tem 11 temas de Ivan Lins, grande compositor brasileiro. Tivemos total liberdade no CD, improvisamos e criamos belos momentos de música espontânea. Esse é mais um momento de música feliz em nossas vidas. Até o final deste ano sairá, por um selo argentino, um CD gravado por esse duo, ao vivo, no Clube de Jazz Médio Y Médio (Punta Ballena – Uruguai).

MD: Quando você compõe para algum outro instrumento, já pensa na linha de bateria?
Arismar: Toco bateria pensando no contrabaixo, toco contrabaixo pensando no piano, toco piano
imaginando um pandeiro maravilhoso... Vidão!

MD: O que o baixista Arismar espera de um baterista, e o que o baterista Arismar espera do baixista?
Arismar: Harmonia! Para todos.

MD: Você tocou e gravou com grandes bateristas. Quais foram os momentos mais marcantes?
Arismar: Quando comecei a tocar, revezei durante três anos com José Daloia (Zinho) e com Realcino Lima Filho (Nenê). Escola melhor não tem! Toninho Pinheiro me deu a honra de participar do meu primeiro CD. Cuca Teixeira também. Robertinho Silva participou do CD Cape Horn, que gravei em parceria com Toninho Horta. No Foto do Satélite estava Alex Buck e Edu Ribeiro. Na minha vida sempre o “coro come”...
Toco sempre com a moçada do bem: Wilson das Neves, Cleber Almeida, Celsinho Almeida, Erivelto, Marcio Bahia, Oscar Bolão.

MD: Fale a respeito do crescente número de bateristas compositores no Brasil e no mundo.
Arismar: O ato de compor é o registro de uma ideia. É o rumo certo. É a maneira mais criativa de aumentar seu horizonte musical.

MD: O que você acha que não pode faltar a um baterista que quer tocar música instrumental?
Arismar: Vizinhos compreensíveis, um bom instrumento, família tolerante, estudar sem preconceito, cachorros que te amem realmente, tocar, tocar e tocar... Tudo isso somado a um pensamento amplo, perene e humilde. A música sempre vem em primeiro lugar.



© Revista Modern Drummer: Ano 8 Nº 90 2010
por:
Vlad Rocha
fotos:
Pepe Brandão


O Estado de São Paulo - " Litoral do Ceará abriga choro e jazz "

Lua cheia, forró e elenco de feras marcam a feliz
estreia da mostra de Jericoacoara

Arismar do Espírito Santo & Toninho Hota
O cozinheiro da pousada querodou o mundo, o professor de inglês que veio do outro lado do Atlântico, a artesã argentina que fugiu da crise, o animado grupo de turistas portugueses, a dona da farmácia cearense, a vendedora ambulante da barraca de petiscos, o artista peruano que idealizou um centro de cultura, o dentista paulistano louco por música, o garoto prodígio guitarrista, o catarinense que mudou o roteiro das férias para “unir o útil ao agradável”.
São muitas e curiosas as histórias de diversas pessoas que frequentaram o primeiro festival Choro Jazz Jericoacoara, desde quarta-feira até ontem (06/12/2009). A realização de um evento num lugar como este – cobiçado ponto turístico, mas de difícil acesso –, trazendo boa música para os ouvidos, onde amaioria quer música para os pés, como comentou um músico, é uma aventura condizente com as histórias desses muitos personagens que largaram tudo para trás, para se instalar nessa estância de lazer e relativo sossego no litoral do Ceará.

Nesse ambiente, onde há várias casas de forró e a “balada” atravessa a madrugada, a situação era de risco em relação à receptividade do público, masanovidade deu certo. Era um antigo desejo de Capucho (apelido do produtor Antonio Ivan Santos da Silva), que frequenta essas areias há um bom tempo. “Não é um evento para atrair 20 mil pessoas por noite, isso não interessa pra nós”, diz o peruano Javier Merello, o Tuto, um dos que incentivaram e deram todo apoio à produção do festival.
Depois dos shows, os músicos marcaram ponto todas as madrugadas na Maloca de Tuto, um misto de restaurante e ponto de cultura, para longas e divertidas jam sessions.

Alessandro Penezzi
No elenco, não tem ninguém que seja “mais ou menos”: é só músico fera. E ficou evidente desde a primeira noite, de imensa Lua cheia – com o Quarteto Maogoani de violões, o trio do violonista Alessandro Penezzi (com Sizão Machado no baixo e Alex Buck na bateria) e o convidado Oswaldinho do Acordeon – que o público passou de curioso a surpreso e entusiasta, diante de primorosas fusões de estilos. Parafraseando Sivuca (bem lembrado, como Jacob do Bandolim, Baden Powell, Dominguinhos, Villa-Lobos e Tom Jobim no roteiro de outros shows), Oswaldinho disse que “forró tambémé jazz”. E mandou ver a incendiária Feirade Mangaio (Sivuca), ele que já tinha tocado Asa Branca (Gonzaga/Humberto Teixeira) em arranjo de blues. A apresentação do violonista australiano Doug de Vries, que toca samba, choro e outros gêneros verde-amarelos sem sotaque, foi um dos pontos altos do evento, logo na segunda noite. Doug, que fala português, fez sua estreia no Brasil aqui, ao lado do também violonista Maurício Carrilho, com quem gravou o álbum Jacarandá (2007).
O cartaz do festival é uma montagem com uma imagem da famosa Pedra Furada, um dos patrimônios naturais de Jeri, que virou um meio violão.
Não por acaso, o instrumento de maior identidade nacional foi a vedete nas duas primeiras noites. Mas o acordeon, cuja sonoridade está no DNA da música nordestina, também teve lugar não só com Oswaldinho, mas nas bem-sucedidas apresentações do gaúcho Renato Borghetti (acompanhado de outro velocista do violão, Artur Bonilha) e do cearense Adelson Viana na terceira noite.

Invertendo situações geográficas, Borghetti, além de tocar endiabrado as próprias composições e levar todos a cantar Felicidade, do conterrâneo Lupicinio, homenageou o Nordeste com medley de clássicos do forró. “Borghetti é a raiz que voa”, comentou o compositor Jean Garfunkel, que deu oficina de composição. O sutil e refinado Viana trouxe novidades próprias, também lembrou grandes mestres e surpreendeu com um tango de Piazzolla.
Nos how de Toninho Horta e banda, o violão deu lugar à guitarra dele próprio, de Arismar do Espírito Santo (que principalmente fez o público vibrar tocando baixo), e do convidado Heraldo do Monte. Para completar o elenco de feras do jazz nacional, tinha Robertinho Silva dando show à parte na bateria.
Até os mais céticos têm reconhecido que a ideia vingou, concordando com um integrante da produção que “criar o gosto é só uma questão de apresentar oportunidades”. A infra-estruturamontada para realizar o Choro Jazz na praça central de Jericoacoara não ficou nada a dever a outros festivais de grande porte, com ótima qualidade de som e iluminação, além de um inesperado conforto para um evento sobre chão de areia, com bancos de madeira almofadados.

© O Estado de São Paulo Caderno 2 - 07.12.2009
por:
Lauro Lisboa Garcia



Revista Guitar Player - " Arismar do Espírito Santo "

Arismar do Espírito Santo
São mais de 30 Anos "Quebrando tudo", como ele mesmo diz. O bom humor e a espontaneidade do multi-instrumentista Arismar do Espírito Santo afloram num bate papo da mesma maneira que em sua música, Ele toca guitarra e violão, contrabaixo, piano e bateria com extrema qualidade, como se cada um destes instrumentos fosse o único ao qual se dedica. Puro talento, com o qual já rodou o mundo acompanhando grandes nomes da música instrumental mundial ou como solista principal. Japão, Europa, Argentina, Uruguai, Estados Unidos e por aí vai.
Sempre para cima, Arismar passa a impressão de não haver "tempo ruim" para ele. E é verdade. Basta dar uma olhada na lista de nomes com quem já tocou: Hermeto Pascoal, Toninho Horta, César Camargo Mariano, Sebastião Tapajós, Jane Duboc, Raul de Souza, Hélio Delmiro, Roberto Sion, Dominguinhos, Dory Caymmi, Heraldo do Monte, Lenine, Joyce, Paquito D'Rivera, João Donato, Leny Andrade, Maurício Carrilho, Paulo Moura, Naná Vasconcelos, Roberto Menescal, Banda Mantiqueira, George Benson, entre muitos outros. Além disso, ele tem projetos em andamento como o álbum "Essa Maré", em que junto com o guitarrista Leonardo Amuedo, interpreta composições de Ivan Lins. Outra novidade é o tema "Santos x Corinthians", registrado com Thiago Espírito Santo (baixo) especialmente para o CD Guitar Payer 2009. A seguir Arismar fala de seus projetos e sua música.

Como surgiu a ideia desse trabalho com Leonardo Amuedo?
Eu conheci o som do Léo mas nunca havia tocado com ele, até que certa noite, no Drink Café, Rio de Janeiro, na gig do Paulinho Trompete, nós demos uma canja juntos. No dia seguinte, encontrei Rodrigo Villalobos, da Rob Digital, e conversamos do som legal que havia rolado. Ele comprou a ideia de gravarmos juntos.

Vocês decidiram tocar Ivan Lins porque Leonardo Amuedo é sideman dele?
O Léo toca com ele a dez anos, mas a decisão de gravarmos Ivan Lins foi sonora! Em nenhum momento recorremos a partituras, pois os temas soam como standards para nós.

Ivan Lins é muito respeitado e já foi gravado por vários nomes internacionais. A ideia foi fazer um registro diferenciado?
Não, a ideia foi fazer um som juntos! Os temas do Ivan são um brinde à música contemporânea.

Quem cuidou dos arranjos?
Eu e o Léo fizemos os arranjos. Criamos algumas introduções e finais, sempre respeitando o requinte e a beleza das músicas. O corpo do som, se formou no estúdio - ao vivo e em cores.

Como foi o trabalho de pré-produção? Vocês dois se encontraram ou fizeram as partes separadamente?
Não teve nada disso! Nós nos encontramos duas vezes para "bater uma bola" e escolher os temas. No estúdio foram três sessões.

Quais foram os equipamentos usados?
Usei um ótimo Giannini de sete cordas, minha Ibanez GB-10 de estimação e meu Fender Jazz Bass 1969 "velho de guerra". Numa das faixas, toquei um violão de cordas de aço do Léo, mas não lembro a marca. Uso cordas D'Addario e amplificadores AER.

Arismar e Thiago Espírito Santo
Ouça: Santos x Corinthians

Quais são seus outros projetos atuais?
Acordo cedo e toco o dia inteiro! Estudo bateria pela manhã assistindo ao José Trajano e Eduardo Monsanto na ESPN Brasil. Depois, toco guitarra e piano, além de ficar compondo ou testando sons. Os próximos projetos são o CD do Duo Espíritosanto, a gravação de um disco com Glauco Solter, Sérgio Coelho e Gabriel Grossi, com temas do Dorival Caymmi e um trabalho em parceria com Liliana Herrero, grande cantora argentina. Devo também ir ao Uruguai para participar de um projeto de música na rua, que reúne músicos de vários países. Vou ainda dar cursos de música em Itajaí, Curitiba e Cariri. Além, é claro, de tocar, tocar e tocar...

Você gravou a música Santos x Corinthians para o CD Guitar Player. Qual a idéia desse tema?
Sou santista e o Thiago é corintiano. Tocarmos juntos foi como se estivéssemos em um campo de futebol. Um jogo entre amigos: quando um ataca o outro defende. Sempre com muita energia, harmonia e sem qualquer rivalidade. Um verdadeiro clássico onde o espírito esportivo e criativo impera e quem ganha é o ouvinte.
O Thiago e eu começamos a gravar o trabalho do Duo Espíritosanto. O repertório tem de tudo: samba de gafieira, baião, xote, bolero com jeitão de balada... Já faz algum tempo que esse Duo tem se apresentado. O Thiago toca baixos de seis e quatro cordas, violão de seis cordas e guitarra. Toco violão de sete cordas, meu baixo Jazz Bass, guitarra e piano. Já temos cinco faixas gravadas e esperamos lançar até o fim do ano.
Feliz é o homem que improvisa !



Arismar (ao centro) em Show de lançamento do disco "Essa Maré", no Sesc Vila Mariana.
A apresentação contou também com Proveta (clarinete) e Leonardo Amuedo (guitarra)
Fotos: Ení Cunha

Faixa a faixa
As músicas de Ivan Lins são, na verdade, um pano de fundo no álbum "Essa Maré". Arismar do Espírito Santo e Leonardo Amuedo usam o tema como ponto de partida, mas as faixas são todas repletas de improvisos. "É como se fosse uma conversa no idioma do Ivan. Ele é muito criativo nas tensões e na parte harmônica", diz Arismar, "tanto que cada take fica de um jeito. No show é ainda mais louco. Cada vez que tocamos é como se fosse a primeira vez." A seguir Arismar comenta as faixas de "Essa Maré". H.N.

Daquilo que Eu Sei
"Eu me senti tocando baixo acústico, apesar de estar usando um violão de sete cordas. Em minha cabeça fico ouvindo uma big band ou uma orquestra. Gravei com um microfone e saída de linha, para obter grave em excesso, uma sensação de arco no baixo acústico. O violão de sete cordas é um piano portátil de peito. Não uso o B grave como inversão - tipo sétima no baixo. Uso essa corda para fazer nota pedal".

Dinorah, Dinorah
"Essa música me lembra da época em que eu tocava em baile. Ela tem uma felicidade e um astral típico dos bailes. A versão ficou linda".

Madalena
"É um clássico brasileiro. Uso minha Ibanez GB-10, agora assinada pelo George Benson. Não tiramos por partitura, porque as músicas do Ivan Lins estão sempre por aí".

Antônio e Fernanda (Setembro)
"Essa canção está em um disco do Quincy Jones, gravado pela Take Six. Pensei: "Gravá-la depois daquela versão é complicado'. Mas, no final, conseguimos uma linguagem bacana".

Aos Nossos Filhos
"A gente se baseou na versão cantada pela Elís Regina. Aquela mulher cantava demais. Ficou como uma homenagem, a ela e à música, que é linda".

Me Deixa em Paz
"Tem uma pegada de samba e ficou com um sotaque uruguaio, com frase meio frevo, Sou neto de uruguaio e o Léo nasceu lá, então aproveitamos essa veia".

Somos Todos Iguais esta Noite
"Essa música revela um lado maravilhoso do Ivan Lins. Ela tem a cara dos arranjos do Gilson Peranzzetta, que trabalhou com o Ivan e muitos outros artistas".

Essa Maré
"Em 1976, eu era baterista da Leny Andrade e ela me apresentou essa música, que é maravilhosa".

Mãos de Afeto
"Eu tocava um monte de coisa e me ligava em harmonia. Com essa música, passei a ouvir a letra e pirei nela. É muito séria e bonita. Quando o Léo e eu tocamos, é como se fosse uma letra diferente a cada show".

Bilhete
"Única em que toco contrabaixo no disco. No show, uso baixo em outras músicas. Eu me sinto um baixista que toca outros instrumentos. Nesta faixa, resolvi tocar baixo como um brinde à parceria".

Desesperar Jamais
"Ficou com cara de canja. Gravamos de uma tocada só, com clima de ao vivo. Ótima para encerrar".

© Revista Guitar Player + Ed. # 162 Out. 2009
por:
Heverton Nascimento


Revista Brasileiros - " O som vem primeiro "

Intuição é a marca do trabalho da Itiberê Orquestra Família, do músico
Itiberê Zwarg, que lançará novo CD em setembro

Arismar do Espírito Santo & Itiberê Zwarg
O som vem primeiro, o lápis e o papel, depois! Assim, podemos definir a visão desse músico, compositor, arranjador, meu amigo e irmão de som, Itiberê Zwarg, 59 anos, paulista de Itanhaém e carioca de coração, há 32 anos no grupo de Hermeto Pascoal e há dez anos à frente desse projeto inovador: a "Itiberê Orquestra Família". Ele explica que o nome da orquestra se refere a algo maior que a família de sangue, mesmo que por coincidência tenha dois filhos participando - Mariana (flauta, voz e percussão) e Ajurinã (bateria, percussão, gaita e sax soprano). Refere-se à Família do Som, à Família Musical. Tudo começou na escola Pro-arte de Música, com quinze jovens que conheciam seu trabalho como músico. Nas aulas, Itiberê compunha na hora com o pessoal, ao vivo e a cores. O trabalho era direcionado para o músico que ali estava e não para seu instrumento, mas exigia o máximo de cada aluno. A orquestra chegou a ter 32 figuras. Esse método intuitivo, em que a escrita vem depois e o som está sempre à frente, serve de estímulo à memória musical. Conforme ia compondo, pedia aos integrantes que guardassem o som na memória. "Quando estamos compondo, sempre pensamos na frente. Se esquecíamos alguma nota, em algum momento, tínhamos de trocá-la. Então, outra música surgia e seguíamos por outros caminhos", explica Itiberê.

Após a criação, a escrita com notas e cifras, e eis que surge uma música pronta para ser tocada repetidas vezes. Todos que chegam à orquestra estão começando, querendo tocar, tocar e tocar, ávidos em aprender. O trabalho é diferenciado, conta com o tempo e o momento de cada um. Itiberê lembra que o Brasil está repleto de músicos muito bons, muitos ainda no início, mas extremamente musicais e "intuitivos até a alma". Se encontrarem um campo para a expressão, voam.... Para ele, música é estímulo e oportunidade.

Com a perspectiva de ampliar esse trabalho, Itiberê tem realizado oficinas itinerantes. Já esteve em Cuiabá, Itajaí, Belo Horizonte, Bogotá (Colômbia) e em Santa Fé (Argentina), onde a oficina foi com a Orquestra Família completa, interagindo com a orquestra de lá. Hoje, a orquestra está em sua terceira formação e já gravou três trabalhos. O primeiro CD duplo, Pedra do Espia (Jam Music, 2001), tinha uma formação inusitada: piano, 4 baixos elétricos, 4 baterias, 3 cordas dedilhadas, 4 flautas, 3 clarinetes, sax tenor, 2 sax alto, sax soprano, trompete, 2 violinos, 2 violoncelos, 2 contrabaixos acústicos, voz e Itiberê em vários instrumentos. O segundo CD, também duplo (Maritaca, 2005), tem músicas de Hermeto Pascoal. São 27 das 365 músicas do livro Calendário do Som (Editora Senac). Uma para cada dia do aniversário dos então 27 integrantes da orquestra. O terceiro CD, Contrastes, será lançado em setembro. Cada CD foi feito em uma fase da orquestra, com formação e número de músicos diferentes. Hoje, os ensaios da orquestra acontecem no Centro Cultural Laurinda Santos Lobo, em Santa Tereza, espaço cedido pela Prefeitura do Rio de Janeiro. Em contrapartida, a orquestra oferece por mês dois ensaios abertos à comunidade. Itiberê sempre olhou a orquestra como uma engrenagem viva, sonora e criativa, como uma oportunidade social incrível de troca. Como diz: "Olhar somente o papel (partitura) é fácil, mas impede, muitas vezes, de sentirmos o pulsar do todo, ouvirmos o outro e percebermos quem é ele e quem sou eu".

*Arismar do Espírito Santo, nome consagrado no meio musical, é um músico completo pela fluência com que toca contrabaixo, guitarra, violão, piano, bateria, compõe e elabora arranjos.

© Revista Brasileiros Agosto 2009
nº 25 Cultura Música por: Arismar do Espírito Santo


Revista Guitar Player - " Coisas de Sampa ! "

Arismar do Espírito Santo + Jeorge Benson +
Thiago Espirito Santo
Arismar do Espírito Santo esteve com George Benson durante a passagem do músico norte-americano por São Paulo. "Segunda-feira, 8 de junho de 2009, 13:50h. Thiago Espírito Santo e eu iríamos prosseguir com as sessões de gravação de um novo trabalho do Duo Espírito Santo quando tocou o telefone , era Bruno Cardoso, dizendo que o "Zezé", Robens Azevedo, do Estúdio 8 nos convidava para almoçarmos com George Benson. Grata surpresa! Ao chegarmos, só alegria. Só tinha "sangue bom": Marcelo Lima, Douglas Las Casas, Maguinho, George e sua banda. Sonoras conversas e muito som. Pedro Simão, guitarrista, colocou na roda um violão com afinação diferente, que o Benson pegou para tocar um tema do filme Super-Homem. Criou um arranjo lindo! O violão rodou e toquei um tema novo, Santos x Corinthians. Diversão garantida! Naquela mesma noite, o show. Esperanza Spalding abriu a apresentação Mandou bem, com a maior suingueira! Na seguência, George Benson fez uma homenagem a Nat King Cole, com com cordas e seu grupo. Ele "quebrou tudo": tocou, cantou e improvisou com muita criatividade e liberdade. Quem sabe, sabe! Mais um dia sonoro para guardar na memória Coisas de Sampa !

© Revista Guitar Player + Ed. # 158 Jun. 2009
por:
Ricardo Vital


O Estado de São Paulo – Caderno 2 - "Guarulhos reúne galera instrumental"
por Lauro Lisboa Garcia
quarta-feira 15/04/2009

Além da mostra competitiva, programação tem shows de músicos como:
Guinga, Egberto Gismonti e Altamiro Carrilho

Arismar do Espírito Santo
Com show do violonista e compositor Guinga, abre-se hoje 15/04/2009 no Teatro Adamastor, o 3º Festival Instrumental Guarulhos. As outras atrações são Egberto Gismonti (amanhã), Arismar do Espírito Santo & Grupo (sexta) e Altamiro Carrilho acompanhado de Isaías e Seus Chorões (sábado). Músicos de renome não estão só na programação shows de encerramento, mas na mostra competitiva. O violonista gaúcho Yamandu Costa, que já foi atração de outra edição e participou das rodas que se formam depois dos shows, agora é concorrente de outras feras, como Zé Barbeiro, Dino Barioni, José Paulo Becker e Alex Buck, vencedor de 2007.

Há representantes de diversos estilos (choro, música caipira, samba, bossa) e regiões do País, como o carioca Alfredo Del-Penho, o capixaba Filipe Dias, o paraense Jacinto Kahwage, o gaúcho Paulo Cardoso, o paranaense Daniel Migliavacca, o mineiro Marcos Frederico, além de vários outros inscritos por São Paulo e Guarulhos – como Índio Cachoeira Edson Sant’Anna e Marcos Paiva. Além das apresentações no palco do teatro, o festival oferece oficinas com Heraldo do Monte (amanhã), Arismar (sexta) e Paulo Aragão (sábado), que vai fazer um panorama do arranjo popular brasileiro. A oficina de Arismar é um ensaio aberto show que fará à noite.

Altamiro Carrilho
A adesão de tantos nomes de peso avaliza credibilidade que o festival ganhou em apenas duas edições. Na segunda, Arismar foi jurado da mostra competitiva e confirma a qualidade dos concorrentes e, principalmente, a importância de mostrar o talento desses músicos como compositores. “Senti que houve uma evolução. Quando você fala em música instrumental, as pessoas ainda se assustam. Vão achar que o cara vai ficar lá improvisando uma hora, viajandão. No festival, ele mostra que sabe tocar e tal, mas a ideia principal é mostrar que ele sabe compor, harmonizar”, diz o instrumentista.

Arismar lembra que nos últimos dez anos triplicou o número de cursos de música no Brasil. Ele próprio é um dos músicos que ensinam jovens alunos. “Eles acabam perdendo a vergonha de não querer mostrar muita técnica. Essa moçada nova estuda 20 horas por dia. Você vê que eles chegam preparados para apresentar seu strabalhos no festival.”

Guinga
Ele lembra que no passado um grupo da Casa do Itiberê entrou no palco e impressionou o público.“Tocaram que nem loucos, sem partitura, foi lindo.”
Outro bom exemplo, que Arismar lembra, é o do baterista e pianista AlexBuck. “Hoje ele está escrevendo diferente, está mais para o tema do que para a técnica. A gente conversa muito. Uma das coisas mais sadias desse festival é o encontro dos músicos, todo mundo mostrando música nova. É um encontro muito sério de música.”

É comum, como lembra Arismar, presenciar conversas de novatos com veteranos, como o violonista Zé Barbeiro. “Vinte anos atrás, um moleque jamais teria coragem de mostrar um choro pra ele, jamais tocaria, jamais trocaria música com Zé Barbeiro. Você nota que o cara em formação está estudando, buscando, indo para algum lugar. É bonito de ver.”

Em 2008, os jovens eram maioria entre as 170 inscrições de músicas inéditas. Foram oito os premiados nas categorias de compositor (do primeiro ao terceiro lugar), instrumentista e arranjo, além do vencedor pela aclamação popular.

mais informações no site www.guarulhosinstrumental.com.br

Serviço
Festival de Música Instrumental.
Teatro Adamastor.
Av. Monteiro Lobato, 734, Guarulhos.
São Paulo SP Brasil
De 15 a 18 de Abril de 2009 às 20h30 Grátis


No teatro do Sesc Pompéia, Rogério Caetano, Arismar do
Espírito Santo, Thiago Espírito Santo e Kikop Loureiro, no
encontro que valorizou a atitude
          
Feliz o homem que improvisa

O músico Arismar do Espírito Santo comemora o sucesso de Cordas à Solta e prepara-se para novos projetos, sempre oferecendo encontros de sonoridades.

Três dias de cordas soltas no segundo final de semana de agosto. O multiinstrumentista e agitador cultural Arismar do Espírito Santo dirige, toca, comanda, enche de simpatia e de muita música boa o auditório do Teatro do Sesc Pompéia. O projeto Cordas à Solta uniu, em um ambiente intimista, dez consagrados solistas das cordas brasileiras em três encontros que misturaram gêneros, ritmos e origens. Do sagrado ao profano, do clássico ao popular, do samba à valsa, do raga (um dos nomes dado à sonoridade da música clássica indiana) ao rock, do choro ao baião. Foram apenas três dias, mas Arismar deixou clara a vontade de expandir o projeto. Em cada uma das noites, subiram ao palco quatro convidados dos mais variados estilos, que, reunidos por afinidades sonoras, proporcionaram apresentações únicas ao público. Nos encontros, circularam Arismar do Espírito Santo, Alberto Marsicano, Fábio Tagliaferri, Filó Machado, Heraldo do Monte, Joel Nascimento, Kiko Loureiro, Michel Leme, Rogério Caetano e Thiago Espírito Santo, time de solistas que compôs o cenário simples e aconchegante do final de semana musical.

No primeiro dia o mote foi "À interpretação", descrito por Arismar como "o dia da delicadeza, valsas, choros e baiões reunidos em um concerto de ricos melodistas". No dia seguinte, imperou "À diversidade", a soma de timbres e temas criados no ato, junto à releitura de clássicos da música do Brasil. Em "À atitude", um encontro de jovens músicos com composições próprias e outras já consagradas tomou conta do domingo, Dia dos Pais. "Nada melhor do que comemorá-lo aqui, entre amigos, músicos e meu filhão." Contradizendo o dito popular de que em casa de ferreiro o espeto é de pau, Thiago Espírito Santo, 27 anos, é baixista, compositor e violonista, e filho de Arismar com a pianista Silvia Góes. Já é considerado um dos expoentes da música instrumental brasileira, tendo tocado com Hermeto Pascoal, Yamandú Costa, Hamilton de Hollanda e Dominguinhos.

Luzes se apagam e tocam os três sinais. Última noite e Arismar entra sozinho no palco, onde faz um solo de guitarra. O seu corpo parece acompanhar a música que ele próprio produz. Toca duas músicas, vez ou outra emite sons com a boca, assobios e murmúrios, e sola seu instrumento com maestria. Para lhe acompanhar na terceira música, entra Rogério Caetano que, conhecido como o "Rogerinho 7 Cordas", é considerado pelos críticos e músicos brasileiros um virtuoso do violão de sete cordas. Ele já gravou com grandes nomes da música popular, como Zeca Pagodinho, Maria Bethânia, Fundo de Quintal, Martinho da Vila, Tereza Cristina e Lenine, e está desenvolvendo uma nova escola desse instrumento no Brasil.

Violão e guitarra se harmonizam, deixando a entender que o choro, samba e a bossa são variações sobre um mesmo tema: a improvisação. Entra, então, Thiago. Desliza com elegância e intimidade seus longos dedos no contrabaixo. Contorce-se e levanta-se, no embalo da canção Goiás/São Paulo, que interpreta junto com Rogerinho. A impressão que se tem é a de que estão extremamente embalados pelo som que criam, entrando em um transe corporal e sonoro. Pai e filho interpretam juntos "Toca Menino", música de Thiago, e é aí que entra Kiko Loureiro, o guitarrista da banda heavy metal brasileira Angra. Kiko, mais reconhecido internacionalmente do que nas terras de samba e pandeiro, hoje é referência para o heavy metal melódico mundial. Sobre essa sua fácil adequação e flexibilidade no território musical, Loureiro comenta ter sempre transitado por universos musicais distintos: "O rock me pegou na adolescência, quando assisti na TV o Rock in Rio. Porém, ao mesmo tempo, sempre gostei de música brasileira. Sempre almejei ter esta habilidade musical, das harmonias complexas e o lirismo das melodias colocadas de forma tão popular. Passava do Iron Maiden para um Edu Lobo sem problema algum, e tocar com músicos da MPB, principalmente com o Arismar, é uma aula indescritível", afirma.

Kiko tocou sua "Feijão de Corda" com Thiago e Arismar. Três estilos musicais, três músicos, cada um na sua e todos em um só ritmo, transitando entre o baião, o xote e o forró. Arismar então, apresenta uma delicada versão instrumental de "Corcovado", de Tom Jobim. Emenda com outras canções e improvisa sempre. Enfim, música de qualidade, popular e brasileira, num clima extremamente intimista e acolhedor. O show vai chegando ao fim e, então, as 20 cordas se encontram. Fazem-se soar numa mesma harmonia, mas, no palco, as particularidades de cada artista se revelam. Para a saideira, a música "Sonhando Acordado", dele próprio, tocada pelos quatro. Terminam com o bis da canção "Cadê a Marreca?" de Arismar, e as cordas, apesar de estarem presas e esticadas nas extremidades do violão, baixo e guitarras, parecem soltas, fazendo sua união precisa e imprecisa nas ondas sonoras. No limite entre o corpo e a alma.

OUTROS SONS:

Cordas à Solta é apenas um dos vários projetos de Arismar do Espírito Santo. Mas todos possuem um denominador comum: o encontro de sonoridades.

Criatividade, habilidade e amigos não faltam a Arismar para articular e reunir os muitos instrumentos e canções em encontros pontuais, que muitas vezes acabam estendendo-se em projetos maiores. Isso se deve ao fato de ele dominar inúmeros instrumentos musicais e, assim, eleger, vez ou outra, algum para mergulhar de cabeça. "Existem em minha mente algumas sonoridades que normalmente reproduzo em alguns instrumentos. Mas, se eu quiser ouvir ao vivo essa soma de sons, vou convidar músicos que tenham essa sintonia. Foi o que aconteceu com a escolha desse time fantástico de craques da música contemporânea do Brasil!", explica o instrumentista, que vem provocando encontros de músicos das mais variadas áreas e especialidades sob temáticas diversas.
Há sete anos, organizou, em homenagem à hoje relembrada e exaustivamente comemorada bossa nova, o encontro Bossa, Um Tributo Paulista. Pouco depois, foi a vez de
homenagear as mulheres com composições próprias, em Minhas Amigas Compositoras. Em 2005, criou o projeto Alô Bateria, em que juntou um time de importantes bateristas brasileiros. No mesmo ano apresentou um intercâmbio entre as músicas argentina e brasileira, sob o nome de Canção sem Fronteiras. Nesse caminho incessante de produções, ainda organizou uma homenagem a Ella Fitzgerald, mais uma aos sanfoneiros, outra à era iluminada dos festivais, em que juntou em um mesmo palco Frejat, Rita Ribeiro, Sérgio Ricardo, Autoramas e Marina de la Riva. Já o projeto Encontro das Águas: Samba, Choro e Baião, de 2007, reuniu nos palcos Dominguinhos, D. Iná e o grupo Choro Rasgado. Quase simultaneamente com Cordas à Solta, Arismar marcou presença no Sesc Vila Mariana, em São Paulo, com o encontro Corrente do Samba, uma homenagem ao gênero. Sagrado e Consagrado, Música em Família, Samba, Jazz Y Otras Cocitas Mássão os próximos projetos que Arismar pretende levar, em breve, ao público brasileiro. Idéias de alguém que não pára de criar e articular, ligando, uns aos outros, novos a antigos

© Revista Brasileiros + Ed. # 14 Set. 2008
por:
Helena Wolfenson
fotos:
Luiza Sigulem



Música de Ivan Lins é revista no disco "Essa Maré"
O paulista Arismar do Espírito Santo e o uruguaio Leonardo Amuedo resolveram se unir e gravar um disco apenas com músicas do compositor Ivan Lins: "Essa Maré".
A idéia surgiu numa tarde de verão, no ano passado, quando tocaram juntos pela primeira vez em uma canja dada num café na zona sul do Rio. O desejo nasceu da admiração que ambos têm da obra do compositor, que foi responsável pela vinda de Amuedo ao Brasil.
O álbum, gravado com guitarra e violão, foi lançado pela gravadora Rob Digital e traz registros autênticos de músicas já conhecidas do grande público, como "Madalena" e "Somos Todos Iguais Esta Noite". A faixa título, "Essa Maré", ganhou uma roupagem forte, com uma percussão marcante logo de cara.
O disco foi gravado em apenas quatro dias. "Nós criamos os arranjos durante a gravação. Parecia que estávamos em um show", diz Amuedo. Rodrigo Villalobos, que produziu o disco ao lado dos músicos, conta que o objetivo foi captar uma "criação musical instantânea".
Tal desejo foi transposto para o disco. Ao escutá-lo, tem-se a impressão de se ouvir uma apresentação ao vivo, como se o ouvinte estivesse em uma mesa de bar, num fim de tarde de verão.

© Jornal Folha de São Paulo: 22.05.2007
www.folhaonline.com.br
por: Miguel Arcanjo Prado



Em Terra Estrangeira Arismar no baixo e Amilson Godoy, o Tuca, no Festival Brasil en La Pataia, em Punta de Este, a badalada praia uruguaia. Ao lado o programa do evento, que rola no meio de uma fazenda, com o gado circulando por perto.

Tem de tocar
Humildade, atenção, virtuosismo., Arismar do Espírito Santo é tudo isso e não se incomoda

Esse é o mote de Arismar do Espírito Santo, um músico de 51 anos nascido em Santos e desenvolvido em São Paulo. Literalmente. Com um porte que lembra o de Tim Maia, só que branco e saudável, Arismar domina com maestria contrabaixo de quatro, cinco e seis cordas, piano bateria, violão de seis cordas, guitarra. Toca. Tem de tocar. Recebeu Brasileiros em sua casa na zona oeste de São Paulo.
Chinelão, um monte de instrumentos na sala, dois cachorrões que tiveram de ser confinados por excesso de amabilidade, a mulher Eni, que colocou a filha Maria Julia, para dormir. E Arismar falou. Ou melhor, solou, no melhor estilo. Estava animado porque tinha acabado de chegar do Uruguai, do Festival Brasil en la Pataia, em Punta del Leste, onde tocou com Amilson Godoy, o Tuca, velho amigo, na mesma noite de Roberto Menescal e Wanda Sá. Já deu para perceber qual o tom do festival. Sim 50 Años de la Bossa Nova. O repertório de Tuca e Arismar? Coisas que sempre tocaram juntos, dois ou três hits da bossa nova, depois a canja com Menescal e Wanda. Tocaram sem pensar. Quem abriu a noite foi o quinteto de Urbano Moraes - nas quatro noites do festival, que incluiu o Jobim Trio, o quarteto de Christianne Neves e Lenine com sua banda, a abertura ficou por conta de grupos locais.

E Arismar falou
Falou desde o imbróglio para embarcar, porque "estava faltando uma peça no avião e fomos desviados para Buenos Aires e Montevidéu em vez de ir direto", explica, até as maravilhas de tocar em um palco com uns 30 metros de boca de cena, platéia para umas 400 pessoas e, atrás, um monte de vacas. Porque la Pataia é uma fazenda perto de Punta del Leste onde sempre houve festivais de música. Recentemente foi comprada, dizem, por uma princesa misteriosa que, ao lado do cônsul-geral do Brasil no Uruguai, José Felício, quer tornar o evento anual. Arismar, freguês de canjas no Medio Y Medio, nightclub de Punta, apóia totalmente. Tem de tocar.
As aventuras mais recentes do multiinstrumentista em disco foram parcerias com guitarristas. O mineirissimo Toninho Horta e o jovem Michel Leme, Arismar nas cordas, no violão, no baixo e na guitarra. Em Punta levou o violão de sete cordas e um baixo de quatro. Restringiu-se a este último. Fender Jazz Bass, sem trastes, "de estimação" garante.

Ele começou nessa vida com as baquetas. Baile, baile, baile. Entrou "na noite", o que hoje significa tocar em bar,
mas na época, final dos anos 1970, ainda era night, boate. Começou na Baiúca da Praça Roosevelt paulistana aos 17 anos. Baterista e olhando de lado o contrabaixo. Já sabia harmonia e já ouvia na percussão. Meio caminho andado. O restou foi uma conjunção maravilhosa. É que Ariamar estreou justamente no crepúsculo dos jazzmen frustrados, com suas gravatinhas à Miles Davis pré-elétrico, e na chegada dos "músicos brasileiros", entenda-se Hermeto Pascoal, Heraldo do Monte e outros "monstros" que dispensam adjetivos. Eram músicos tocando música brasileira. O contrabaixista Sabá e o baterista Toninho Pinheiro são dois outros nomes que cita constantemente. Para quem não sabe, os dois acompanharam Dick Farney e depois formaram o Jongo Trio, com o pianista Cido Bianchi (ficando atrás de Elis Regina e Jair Rodrigues), e o Som Três, com César Camargo Mariano (e Wilson Simonal na frente), Drum & bass é isso aí. Sorte do Arismar . Tal conjunção, sua idade e a experiência dos parceiros tornaram-no um músico único, em que sobressai a versatilidade. Logo e a duras penas aprendeu que, a exemplo do futebol, onde se diz que treino é treino e jogo é jogo, "baile é baile e show é show". Há uma diferença mais do que sutil entre tocar para um público e tocar simplesmente. Gosta de citar Dominguinhos, com quem fez mais de 180 shows em um ano, indo de avião até Manaus e voltando de carro, cidade por cidade. "Dominguinhos toca pro cara que está na frente dele, o espectador", analisa. Tem de ter humildade e tem de saber tocar. Acha graça e admira o som ditado pelo Rio, onde ficam as gravadoras, onde os músicos têm de tocar como se toca no mundo, funkeado, "cheio de psss, psss na bateria", imita. Ri, lembrando-se do baterista nordestino Carlos Bala, que foi preferido em uma gravação porque não tinha uma bateria Yamaha. "Imagine? Eles precisavam do som do instrumento e não do som do músico, como se isso fosse possível", diz Arismar.
Ele tocou em estúdios, tocou em shows, tocou, tocou. Com Deus e o mundo. Entenda-se Hermeto e os outros. Teve tempo para três discos-solo. Dez Anos (1998), que foi ranqueado como um dos dez melhores do Brasil pela revista Guitar Player (Heraldo do Monte telefonou-lhe dizendo "votei em você"), Estação Brasil (2002) e Foto do Satélite (2005), produzido pelo filho Thiago. Humildade e coração grande, aumentado por um stent implatado após um enfarte e que chama de Floyd Rose (marca de alavanca de guitarra, artefato que modifica a nota por meio de uma mola igual a do stent). Agenda não tem. O telefone toca e lá vai ele tocar. Pretende implantar uma escola de música neste ano em Itajaí (SC). Ama ensinar e mostrar outros músicos graças ao que chama de "muié mineira" (o iPod, segundo ele, "ai, pode!"). E no fim de semana ia tocar na escola da filha, ao lado de outros pais músicos como o violonista Fábio Tagliaferri e o guitarrista Edgar Scandurra.
Porque "tem de tocar", entende?

© Revista Brasileiros Março 2008
nº 8 Cultura Música por: Luiz Chagas



Revista Jazz + nº 15
Arismar do Espírito Santo
CD Foto do Satélite
Sabemos que, sob a força máxima da intuição, gravitam os maiores artistas da nossa história. Ser espontâneo é ser único. Por isso as obras de Arismar do Espírito Santo permaneçam vivas e, quem sabe também por isso, este multi-instrumentista (fluente em contrabaixo, guitarra, violão, piano, bateria) seja reconhecido por suas harmonias inusitadas e por sua excentricidade criativa. Afinal, nos seus mais de 30 anos de carreira, Arismar já ganhou uma infinidade de prêmios dentro e fora do país. Em Foto do Satélite (Maritaca), seu último trabalho solo, Arismar que assina as 16 composições de todo o disco, revela a exultação do toque malicioso, depurado, típico da música instrumental brasileira - mesmo em diálogo com arranjos mais densos e melancólicos -, além de uma mistura surpreendente de ritmos. Uma verdadeira odisséia polirrítmica - flertando com o jazz, o xote, baião, samba, salsa - que reúne figuraças importantes da MPB, como Thiago Espirito Santo (filho de Arismar e produtor do disco), Michel Leme, Jane Duboc, Pepe Rodrigues, Bia Góes, Léa Freire, Dominguinhos, Vinicius Dorin, Silvia Góes e Proveta. Mestre em criar desenhos, Arismar abre o disco com a faixa "Vestido Longo", buscando uma configuração única entre o jazz e o samba - talvez forçando um casamento entre Dave Brubeck e Paulo Moura. Na música "Brincadeira de Criança" arranca suspiros de lirismo da voz de Jane Duboc. Em " Mana", Arismar senta ao piano, bate palmas, canta, jorra síncopas para dentro de seu universo de inventividades. Seguramente, Foto do Satélite sai do forno para alimentar sua sina de experimentador insaciável, como se Arismar estivesse, a todo momento, se dedicando à reconstrução da música e à reinveção de si mesmo.

© Revista Jazz + Maio 2007
por:
Pedro Rosas



Dominguinhos, D. Inah e Choro Rasgado tocam no feriado de 1º de maio

Representantes do baião, do samba e do choro, Dominguinhos, D. Inah e o grupo Choro Rasgado apresentam-se no dia 1º de maio no Sesc Vila Mariana, em São Paulo, como parte da série "Encontros". Composições próprias, assim como obras de Zé Kéti, Haroldo Barbosa, Jacob do Bandolim e Luiz Gonzaga, entre outros, serão tocadas e cantadas pelos músicos. O multi-instrumentista Arismar do Espírito Santo, responsável pela concepção e direção musical do show, também subirá ao palco para se apresentar com os músicos. O show abre com o grupo Choro Rasgado, ao qual depois se juntará D. Inah e, na seqüência, Dominguinhos, e haverá momentos em que todos se apresentarão ao mesmo tempo.

© Folha Online: 25.04.07
por:
Redação




Arismar do Espírito Santo é daquele tipo de músico que com uma caixinha de fósforos faz uma sinfonia. Ele é multiinstrumentista, mas muitas pessoas o conhecem apenas como baixista. Não adiantaria colocar os instrumentos que ele domina, pois com certeza estará faltando algum que acabou de aprender.

A entrevista com ele aconteceu no dia 13 de julho de 2004 na casa dele em São Paulo. Antes de entrevistarmos, acompanhamos um ensaio maravilhoso com o Arismar, a Léa Freire, Heraldo do Monte e Alex Buck.

O primeiro disco solo dele saiu em 1993 com várias participações muito especiais e foi relançado pela Maritaca há pouco tempo. Como ele mesmo definiu, é um disco de Música Contemporânea Brasileira, que é a aquela que permite todas as influências. Essa é boa definição do estilo de tocar do Arismar, um cara aberto e pronto para tais influências, que fazem a música brasileira ser tão especial.

Acompanhem agora trechos da entrevista dele com suas influências, resumo da carreira e algumas histórias maravilhosas!

Mariana Sayad

Nome Completo: Arismar do Espírito Santo
Data de Nascimento: 09 de julho de 1956
Local: Santos. Em São Paulo desde quanto? 1977

Vozes da música Instrumental
Fale sobre sua formação musical.

Arismar do Espírito Santo
A minha mãe era cantora em Santos e o meu irmão, Paulo Roberto, é músico. Ele fazia baile lá em Santos e eu ia vê-lo. Além disso, tinha uma roda de choro, onde minha mãe cantava um pouco. A minha formação foi ver o pessoal tocar. Quando eu tinha 14 anos, trabalhava numa livraria e ficava ouvindo a Rádio Eldorado, onde tocava aquelas músicas, que eu não entendia nada: Jobim, Toninho Horta, Milton Nascimento. Quando eu comecei a tocar, não tinha a menor idéia de quem era Jacob do Bandolim ou Garoto. Depois, quando comecei a ter mais intimidade com o instrumento, percebi que tudo aquilo é muito louco, muito bonito.

O meu irmão viu que eu gostava da coisa e me deu uma bateria e estudei por uns oito meses, mas só tocando com disco. Comecei a ir a São Paulo para cobrir férias na Baiúca, onde era o templo do som, em que todos os músicos se encontravam. Então, todo dia era coisa nova.

O baterista precisa conhecer a música para não ficar só fazendo ritmo. Ele deve começar a tocar como um músico harmônico. Isso eu aprecio na bateria. Entre 1976 e 77, comecei a me interessar pelo baixo. Fiquei louco com o poder do instrumento. Se você mudar o baixo, muda o acorde inteiro. Nesta época, eu já tocava mais ou menos violão. Em 1978, virei baixista e comecei a gravar muita publicidade. Em 1980 e 81, começou aquele movimento de música instrumental em São Paulo nas casas Penicilina, Lei Seca e um projeto da Funart. Tinham vários lugares bacanas para tocar. Deixei de ser só o músico papagaio, que só toca música dos outros e passei a compor. Continuei fazendo publicidade, eu ficava o dia inteiro dentro do estúdio e tocava todos os estilos. Isso me ajudou muito boa. A profissão de músico é muito bonita.

Eu tinha que optar entre dar aulas, gravar jingles, acompanhar cantores ou tocar à noite. Escolhi a última opção, que era a mais sábia de todas. Quando se toca toda noite com um grupo, você estuda e aprende muito. Agora, se você ficar acompanhando um cantor, você sempre vai tocar sempre a mesma coisa e do mesmo jeito. Toda a harmonia que tenho na cabeça hoje, eu devo a esse tempo de tocar à noite, pois todo dia era um repertório diferente e eu precisava sempre ficar criando. Eu só parei de tocar na noite, quando não deu mais por causa das viagens. Hoje, eu gosto de tocar coisas que sejam mais na minha praia.

VMI - Quais são as suas principais influências?

Arismar - Eu estava pensando nisso um dia desses. Primeiramente, minha mãe e meu irmão. Agora, vamos falar por instrumento. Na bateria: Toninho Pinheiro, que faleceu há um mês e meio - a big band lá de cima está boa (risos). Continuando, Nenê e o Zinho. Naquela época, não tinha professor, aprendíamos com as dicas de quem tocava. Hoje, já tem professores, que ensinam tudo e são músicos bons. No baixo: a primeira vez que eu ouvi Oscar Peterson e o Ray Brown, eu fiquei preocupado e pensando “Como é que esses caras tocam isso?”. O Jabá foi um cara muito legal comigo. Até hoje ele é assim.

No violão: o Baden Powell é o cara que deixou um monte de músicas bonitas e um jeito de tocar bonito. Depois, ouvi George Benson. Heraldo do Monte e o pianista Luís Melo. Quando eu comecei a tocar, era complicado porque existia um certo preconceito em se tocar vários instrumentos. Hoje, já não existe tanto isso.

Outras influências vieram das rodas de choro, das noites maravilhosas que eu tocava, da vida e de gostar de tocar. Sempre acho um jeito de fazer música legal. Tem ainda Pixinguinha, Luizão Maia, Silvia Góes, Hélio Delmiro, Luizinho Sete Cordas, Caymmi, Johnny Alf, Iteberê e Coringa. Tem um monte de músicos maravilhosos. Todo dia eu recebo novas influências, ás vezes, até em alguns ensaios.

VMI – Como surgiu seu interesse pelo violão de sete cordas e pelo choro?

Arismar - Eu sempre estive na onda do choro. Quando eu era moleque, não podia dar canja nas rodas, então, ficava o dia todo vendo os caras tocarem e, de vez em quando, deixavam eu tocar uma música. Isso era um prêmio. Depois é que eu fui ter aulas com uma vizinha lá de Santos.

O meu repertório de choro é muito pouco. Eu gosto do choro pela melodia, pelo rumo e pela idéia. Eu adoro ouvir e tocar. Eu fui numa roda um dia desses, com o Zé Barbeiro. O choro ia para cada lugar bom. Eu e o tocando violão de sete, de vez em quando, ele olhava para mim e eu ia. Às vezes, eu nem sabia direito que tom estava. Eu não sou chorão, mas adoro tocar choro.

VMI – Mudando de assunto, como foi tocar o João Donato?

Arismar - Maravilhoso.

VMI – Tem uma história meio engraçada, de um show que vocês foram fazer meio free. Aí, o João Donato não tocou nada que vocês ensaiaram.

Arismar - Ele levou 35 partituras e não tocou nenhuma delas. Uma outra história, que aconteceu engraçada foi quando o Pena, que toca no Barão Vermelho, comprou numa loja mil pregos e amarrou todos em fios de nylon. Nós íamos tocar num lugar, que tinha uma infra-estrutura muito legal, então, conseguimos colocar uns microfones bacanas nos pregos. Quando ele tocou, o João Donato adorou. Ele ficou a tarde toda amarrando os pregos e chamou um monte de gente para ajudar.

O Donato é um músico maravilhoso. Tocava na noite. Um grande compositor e sempre deixa você tocar. Teve uma música da Gal, que ele fez 20 introduções. Nós gravamos todas elas. Aí eu perguntei: “Mas o tema já está escrito?”. Aí, ele respondeu: “Não, mas o tema não precisa” (risos). Ou seja, ele ficou uma semana em casa, só fazendo as introduções. Todos os shows que fiz com ele foram maravilhosos. Tem um folclore em cima dele, mas ele sempre me deixou à vontade para tocar.

Num show no Rio de Janeiro, ele não tinha dinheiro para pagar a banda, mas o maluco não falou nada. Tinha um momento da música, que entravam os sopros e ele gritava “pêra”. Então, ele explicou: “Nós estamos falando ‘pêra' porque não tem dinheiro pra pagar os três sopros, então fazemos com a boca. Vamos lá meninos: Pêra”. Ficamos a noite inteira com cantando “pêra”, que até doeu a barriga (risos).

Ele compõe umas canções lindas e têm umas parcerias bonitas. Uma outra história: ele era casado com uma menina, que era super ansiosa. Num show, ela ficou apavorada de eu não aparecer. Aí quando eu cheguei, tinham 11 baixistas esperando. Achei que fosse o sindicato de baixistas.

Essas histórias vão virando folclore.

VMI - Das pessoas que você já acompanhou, existe algum que foi definidor em sua formação?

Arismar - O Hermeto (Paschoal). Temos um grupo: eu, Vinicius Dorin, Léa Freire, Thiago do Espírito Santo e Silvia Góes, que é um negócio muito sério. Às vezes, saem umas coisas que vão parar em outros lugares. Tocar com Maurício Einhorn é uma maravilha. Sebastião Tapajós, Jane Duboc, Toninho Pinheiro, João Donato, Baden Powell, Doris Monteiro, Hélio Delmiro e Heraldo do Monte. A pessoa quebra tudo e ainda é seu amigo, então, não tem barreira. Você toca à vontade e cria. Às vezes, quando vou tocar, as pessoas me fecham. Isso é muito chato.

VMI – Qual foi a importância do Quarteto Novo para a música instrumental?

Arismar - Foi quando pintou algo diferente do que estava combinado. Eles passaram, mas já estava na hora certa de cada um ir para um lado. Era uma coisa linda. Eram cabeças maravilhosas e estão aí até hoje completamente musicais. Todos são super músicos. Com o Theo de Barros eu gravei muitos jingles.

VMI – Você acha que o Quarteto Novo deu uma inaugurada numa forma diferente de improvisar no Brasil?

Arismar - Até o disco deles, ninguém gravava uma música em compassos de sete ou de cinco. Ou colocava um pianista tocando algo que não fosse melódico ou jazzista. Tudo era meio caricato. Até hoje é diferente.

VMI – Como foi a excursão pela Europa com o Hermeto Paschoal?

Arismar - Pólvora pura. Tinha shows que eu perdia um quilo e ainda querendo mais. Foi maravilhoso. O Hermeto tem uma digital muito bacana e clara. Ele toca as coisas dele e começa tocando uma valsa, que depois vira um choro. Ele tem uma composição espontânea muito forte. Em um show que fizemos em Viena, num lugar que parecia um castelo. O cara que alugou o piano estava atrás do palco e parecia parte do instrumento (risos). No terceiro “bis”, o Hermeto chamou a roadie e falou: “pede pra moçada umas moedas, anéis, correntes, chaves e sapatos”. Ele colocou tudo isso dentro do piano e começou a tocar. Foi maravilhoso, acho que o pessoal ficou aplaudindo uns dez minutos seguidos. Quando fomos embora, o Hermeto disse ao dono do piano “gostei muito do seu piano, meu filho”. O cara estava pálido (risos).

Eu e o Hermeto fizemos muito baile. Em baile, você cria repertório. Tem cara que é ruim de público, faz o show do disco e vai embora. O Hermeto faz as pessoas cantarem. Uma vez ele fez todo mundo no Teatro do Sesc Pompéia subir na cadeira. Às vezes, ele faz o público cantar e senta num piano e fica acompanhando. Quando você vê, as pessoas estão cantando umas notas super difíceis em compasso cinco por quatro. Se entrar num coral, ele não vai aprender aquilo nunca. O músico tem que passar isso ao público.

VMI – Existe alguma dificuldade em se tocar com o Hermeto?

Arismar - Nenhuma. Pelo contrário, é uma das pessoas mais pacientes que conheço. Aquele jeito dele é uma coisa linda. Tem um negócio mágico. Alguns músicos têm um grau de entendimento e isso facilita o contato outros.

VMI – Como funciona seu processo criativo?

Arismar - Tem vários jeitos. Cada música tem uma história. Tem uma coisa harmônica. Tem que tocar. Às vezes, componho vendo algum seriado na televisão. Eu estudo e componho algumas coisas por encomenda. Eu estudo as coisas que tenho dificuldade. Às vezes, começo a estudar algo no baixo, aí passo para o pandeiro. Quando fico num ponto legal, procuro um tema pra usar isso. Quando pego o cavaco para estudar... Vixe (Batucada). Aí, eu começo a colocar vários ritmos e as coisas se subdividem e a cabeça procura uma solução até acertar a idéia. É impressionante.

Eu começo com uma idéia e termino em outra completamente diferente. Eu componho um monte de coisas e consigo adaptá-las, esqueço tudo aquilo que estudei e faço um tema em cima. Eu componho em qualquer lugar. De vez em quando, eu componho uma valsa, que vai se transformando e pode até virar uma salsa fantástica. Quando passo a música para algum grupo tocar, cada instrumentista toca do seu jeito ou então faço algumas recomendações.

VMI – Como foi a gravação do seu primeiro CD solo?

Arismar - Foi lindo e emocionante. Foi um projeto com a Silvia Góes e Dudu Portes. Foi uma coisa tão legal e várias pessoas gravaram. O Hermeto participou. Ele disse: “eu quero um som de órgão meio de zona” e começou a procurar e não tinha o som que ele queria. Então, o técnico conseguiu deixar o teclado como Hermeto queria. Ele arrasou.

O CD demorou um ano para ser feito. Foi em 1993. No piano, gravaram Silvia Góes, Paulo Alberto meu irmão, Hermeto Paschoal e o Amilson Godoy. No baixo, eu e Sabino gravamos. Na bateria, Dudu Portes, Toninho Pinheiro e eu. Na guitarra, o Heraldo do Monte e eu. No violão, eu. Saxofone, Vinicius Dorin, Proveta, Zé Pitocco, Roberto Sion e o Walmir Gil. De percussão, Guello, Jorginho Cebion e o Zé Pitocco. A Jane Duboc, o Edson Montenegro e o Filó Machado também gravaram. Foram 21 músicos. Depois de dez anos, gravei outro CD. De voz: gravaram a Jane Duboc e a Bia Góes, que é minha filha. Na bateria, o Cuca Texeira e o Alex Buck. Piano: a Silvia e eu. De contrabaixo, o Thiago e eu. Na guitarra, eu. A Léa Freire na flauta, Vinicius no saxofone, Proveta de clarinete e Naná Vasconcelos, que quebrou tudo na percussão.

VMI – Você tem quantos CDs solos?

Arismar - Dois. Gravei muitos CDs com outros músicos. Eu, o Sebastião Tapajós e o Maurício Einhorn gravamos um disco em 1984. Fizemos um ano de shows, depois entramos no estúdio e gravamos o disco todo numa tarde. Tem uma suíte de quatorze minutos, que a Rádio Cultura tocava. Esse disco é lindo. Tem um outro disco, que fiz com a Jane Duboc, Vinicius, Sebastião, Robertinho e Domingos, chamado Compositores Paraenses. É muito bom tocar isso. Muita música bonita no norte do Brasil, que não chega aqui.

VMI – A geração é bem pautada em você como um ícone. Você sente isso?

Arismar - Eu não. Estou fora. Eles que quebram tudo e tocam quase tudo de cabeça. Fazem música. Eles não são gênios. Eles estudam. Tocam para caramba. Tudo maravilhoso.

VMI – O que você acha da nova geração de músicos? Quais dicas você daria a eles?

Arismar – Tocar, estudar e se expressar. Os músicos têm que dar um jeito. Eu agora comecei a correr atrás de um repertório de violão. Toco um monte de músicas, mas não tenho um repertório. Agora, estou criando um. Eu não tenho nada para falar a essa nova geração de músicos, eles são descolados. O pessoal estuda e está preparado. Estou vendo um monte de gente tocando para caramba. Com atitude.

VMI - Alguns nomes?

Arismar – Tem um monte. O Thiago está tocando baixo e guitarra para caramba. Está acompanhando bem. O Yamandú Costa é um cara impressionante. O Alex Buck toca bateria, piano, escaleta e ainda compõe. Tem um pessoal um pouco mais velho, como o Sandro Haick e Michael Leme, que são fora do normal. Os alunos do Nenê, que estão tocando muito bem. O Hamilton de Holanda, que toca bandolim para caramba. O pessoal de Brasília está tocando muito. O Rogerinho, que é um violão sete cordas respeitadíssimo. Uma maravilha. O Daniel Santiago e o Márcio Bahia.

VMI – Para terminar, qual é o futuro da música instrumental?

ArismarNesse último disco, eu saquei uma coisa: quando você fala música instrumental, as pessoas se assustam. Elas pensam que você vai tocar um acorde só e tudo out. Então, coloquei nesse disco “música contemporânea brasileira”. A liberdade é uma sensação maravilhosa na composição. Isso é música contemporânea. Misturar choro, com samba e jazz. Acho isso legal porque tira o negócio de produto em seu trabalho. A música instrumental tira essa pecha da música, que é essa coisa de virtuose, hermético, prático, técnico ou mirabolante. Você tem a liberdade de tocar e compor sua música. Às vezes, quero pirar numa música e não quero me privar disso porque tenho que compor um número certo de compassos, com três partes; ou porque tenho que quebrar tudo e fazer um out na segunda parte e arpejos mirabolantes. Isso eu não posso ter. Eu gostaria que fosse música contemporânea brasileira feita por músicos que adoram tocar. Se algum dia eu tiver que rotular que tipo de música eu faço, direi: é uma música que faço com meus amigões que adoram tocar e participar. Isso é música instrumental. É o mundo. A música mais criativa e diversa é a brasileira. Sempre tem alguém no Brasil, que quando você ouve é super louco e que não tem em livro nenhum. É aquele do Ed Motta, que foi para Nova York estudar e quando chegou lá descobriu Edu Lobo. Aí voltou ao Brasil.

Outro dia, eu estava pensando que há vários teatros em São Paulo que ficam fechados. Acho que deveriam deixar a música soar nestes lugares. Eu fiz um show com o Naná Vasconcelos no Teatro da Cultura Inglesa, no projeto “Duos Brasileiros”. Fizemos um repertório junto com músicas minhas e dele. Ensaiamos na tarde antes da apresentação e saiu uma música meio louca e tocamos. Não demos nem nome, pois queríamos tocar. Ficou legal. Quando fomos tocar, não soou igual. É uma delícia. Demos o nome de “Lucidez”. Depois que tocamos isso ficou muito bom. Ele faz umas coisas tão boas, tão bonitas.

A música instrumental ocorre completamente longe do show bussiness. Não existe uma imprensa especializada em música instrumental. Tem de música erudita, que aliás, dá muito dinheiro, é muito louco, pois fazem isso muito bem feito. Eles fecharam lá em Campos de Jordão e os shows populares acontecem de forma paralela. O negócio é tocar. Cada show é uma preparação diferente. As grandes gravadoras estão acabando. Isso não influi em nada, pois as gravadoras de música instrumental são aquelas. Eu gravo numa bacana, que é a Maritaca. Eu adoro. Eu vejo daqui uns vinte anos, um monte de músicos brasileiros estourando porque eles não têm preconceito. A música boa é feita no ato. A música popular brasileira é muito grande.

Muito obrigada Arismar!

© www.vozesdamusicainstrumental.com.br: Abril. 2007
por:
Mariana Sayad e João Marcondes


Arismar do Espírito Santo – Sesc Av. Paulista – 13/02/07
Cadê a Marreca?
Esperava na porta do camarim para que a produtora me trouxesse o set list com as músicas do show. Enquanto isso Arismar passeava calmamente, conversava com os músicos, tocava um pouco de violão. Faltavam vinte minutos para o show.

Figura grande, com andar calmo e pesado, nem parecia ser a estrela da noite. Caminhava de lá pra cá e conversava com quem o chamasse. Da fila, todos podiam vê-lo e muitos acenavam para ele. E o aceno era sempre retribuído. O músico estava vestido com calça e camiseta largas, ambas azuis.

Entramos todos para assistir ao show, e pouquíssimos lugares ficaram vagos. Durante a apresentação, não só os lugares vagos foram tomados como também as escadas.

Arismar do Espírito Santo é um dos melhores baixistas brasileiros, e do mundo também. Ao meu lado, falavam em espanhol. Atrás de mim, em inglês. Todos esperando para ver um bom show de música instrumental brasileira.

Pontualmente sete da noite, Arismar e a flautista Léa Freire entraram no palco. Depois de agradecer a presença do público, o músico sentou-se, pegou um violão de sete cordas e começou a tocar Luizinha.

© www.artefree.blogspot.com: 14.02.07
por:
Luciano Piccazio Ornelas
fotos:
Eni Cunha


Na trilha da espontaneidade
"Intuir musicalmente para mim é trilhar no espaço-som, num caminho em que o fio melódico se encontre com desenhos, com formas já conhecidas e formas abstratas." Foi com essa frase, típica de um musicólogo moderno francês, que Arimar do Espírito Santo abriu sua entrevista para a MD. Não é para menos. Sabemos que, sob a força máxima da intuição, gravitam os maiores artistas de nossa história. Ser espontâneo é ser único. Talvez por isso as obras de Arismar permaneçam vivas, e esse multinstrumentista e compositor seja reconhecido por suas harmonias inusitadas e por sua excentricidade criativa.
Nos seus mais de 30 anos de carreira, Arismar já ganhou uma infinidade de prêmios, organizou workshops dentro e fora do país, participou de várias turnês internacionais, assinou e dirigiu uma penca de projetos dentro do Brasil e, hoje, coordena cursos de Contrabaixo, Criação Musical e Prática de Conjunto na Dinamarca e nos EUA. Seria impossível mensurar o currículo desse Santo peregrino - fluente em contrabaixo, guitarra, violão, piano e bateria - que topou com muitos mestres em seu caminho: Hermeto Pascoal, Toninho Horta, César Camargo Mariano, Raul de Souza, Hélio Delmiro, Dominguinhos, Dory Caymmi, Heraldo do Monte, Lenine, João Donato, Leny Andrade, Paulo Moura, Naná Vasconcelos, Roberto Menescal, Nat Reeves, George Benson, e muitos outros.

© Revista Modern Drummer: Nov. 2006
por:
Pedro Rosas
fotos:
Eni Cunha



Arismar do Espírito Santo, em novo CD, revela todo seu prazer de tocar
Arismar do Espírito Santo é daqueles músicos que estão sempre dispostos a tocar. Se está parado no trânsito caótico de São Paulo, ele saca um pandeiro debaixo do banco do carro e desenvolve novos ritmos. Se o deixam esperando no telefone, levanta a tampa do piano e procura novos acordes e melodias enquanto não respondem do outro lado da linha. Se o chamam de madrugada para dar uma canja em um barzinho, não perde tempo e vai. "Música é minha vida", define Arismar, sempre de bom humor, mostrando que fazer o que gosta traz, sim felicidade.
Não à toa Arismar adquiriu uma forma individual de criar belas melodias, ricas harmonias, ritmos contagiantes e improvisações ousadas na guitarra, violão de sete cordas, baixo, piano e bateria. Seu talento e dedicação à música geraram frutos, como shows e gravações com Toninho Horta, Hermeto Pascoal, Sebastião Tapajós, Hélio Delmiro, Sivuca, Heraldo do Monte, Lenine, Dori Caymmi, entre muitos outros. A lista de trabalhos com outros artistas é enorme. Seu primeiro álbum-solo ganhou o Prêmio Sharp de Música na categoria instrumental. Em 1998, foi eleito em votação realizada por Guitar Palyer um dos dez melhores guitarrista do Brasil.

© Revista Guitar Player: Nov. 2006
por:
David Hepner
fotos:
Eni Cunha



O espírito imprevisível de Arismar
Arismar do Espírito Santo é um nome consagrado no meio musical brasileiro. Como acontece com muitos músicos profissionais, não é um nome conhecido do público radiofônico e televisivo. Craque de muitos instrumentos e inúmeros estilos, está por trás de muita gente boa que toca e canta por aí, nos melhores palcos e estúdios do país.
Não é raro ver o Arismar enfiado numa roda de choro, tocando de forma toda própria um violão de 7 cordas. Muito o reconhecerão ao vê-lo empunhando um baixo elétrico, com grupos de formação mais jazzística. Hermeto já excursionou muito com ele, e o considera um dos melhores baixistas do planeta. Também pode ser lembrado como acompanhante de grandes cantoras, como Jane Duboc, Joyce, Fátima Guedes ou Leny Andrade. Ou tocando com feras do porte de Paulo Moura, João Donato, Heraldo do Monte, César Camargo Mariano, Paquito D’Rivera, Lenine, Toninho Horta, Cristóvão Bastos, Leandro Braga, Eduardo Gudin, Roberto Sion, Sivuca, Dominguinhos, Maurício Carrilho, Dori Caymmi, George Benson, Edsel Gomes, Laércio de Freitas, Banda Mantiqueira e mais uma extensa lista.
Não basta? Pois Arismar também é considerado um dos melhores guitarristas brasileiros, além de ser um caso sério na bateria ou no piano. Um assombro, que todos agora podem conferir no seu novo disco, Foto do Satélite (Maritaca, 2006). São composições próprias, onde a musicalidade flui solta, derrubando todas as fronteiras de estilo e ritmo.
Arismar experimenta diversas formações, convidando músicos de origens variadas. Consegue com isso uma ampla gama de sonoridades, onde surpresas surgem a cada nova faixa. Que dizer de um disco que inicia com um “samba donateado” de piano, baixo, bateria e naipe de sopros, para logo depois apresentar uma lírica composição onde a flauta de Léa Freire paira como uma sílfide, embalada pelo violão? Como comparar a beleza da canção sem palavras entoada por Jane Duboc, acompanhada só pelo piano, com a quebradeira do bebop (samba santista, segundo Arismar) “Tidinho”, onde sax e trumpete duelam furiosamente?
Pra se ter uma idéia, não precisei pinçar faixas para escrever o parágrafo acima. São apenas as quatro primeiras do disco. Tem mais doze, uma mais provocante que a outra. E Arismar tira o máximo de nomes como Proveta, Dominguinhos, Bia Góes, Vinicius Dorin, Daniel DAlcântara, Michel Leme, Alex Buck e o baixista Thiago do Espírito Santo, filho e discípulo talentoso.
Foto do Satélite é uma salada musical que ora lembra Hermeto, ora lembra uma boa gafieira, ora os metais incendiários de Meirelles & Copa 5, alternando-se com momentos mais calmos e acústicos. Um disco de música universal com tempero brasileiro, para ser ouvido de forma atenta por qualquer que aprecie ver a invenção musical ser bem executada.

© Revista Música Brasileira: Out. 2006
por:
Daniel Brazil



Arismar do Espírito Santo comemora 50 anos com disco de inéditas
Artista facilmente incluído na lista dos chamados músicos completos, pela habilidade de se revezar com igual desenvoltura em instrumentos como baixo, violão, guitarra, piano e bateria, o baixista e compositor Arismar do Espírito Santo acaba de lançar, pela gravadora Maritaca, Foto do satélite, seu terceiro disco individual. Vencedor do Prêmio Sharp de Música Instrumental, com o disco de estréia, reeditado recentemente, Arismar tem na discografia individual o elogiado Estação Brasil e um América, com o porto-riquenho Edsel Gómez, lançado no início deste ano.
Presente de comemoração de seu 50º aniversário, Foto do satélite já abre os trabalhos com um arrasador “samba donateado”, Vestido longo, no qual os sopros de Léa Freire e Vinícius Dorin dialogam com as vozes de Jane Duboc e Bia Góes, com Arismar comandando a suingueira no piano e na voz, deixando o baixo para o filho, Thiago Espírito Santo. Luizinha, a segunda faixa, traz de volta a flauta de Léa Freire num dueto com o violão de Arismar, numa composição com jeito de sala de concerto. Em Brincadeira de criança o clima é de bossa, com o titular do CD assumindo o piano e brincando de fazer música séria com a voz de Jane Duboc. Ele assume finalmente o baixo no “samba de santista” Tidinho, um samba-jazz de primeira linha e volta ao violão (agora de sete cordas) no forró Cadê a marreca, com tecido sonoro iluminado pelo acordeom de Domiguinhos e pela inusitada presença da craviola tocada por Thiago.
A experiência de ter tocado com Hermeto Pascoal surge, explícita, na improvisada Mana, de piano e voz, como se o velho bruxo tivesse baixado no estúdio. Tira a mão de mimé noturna e jazzística e prepara terreno para a faixa-título, um samba que lembra Joyce, Toninho Horta e João Bosco, com Arismar no violão, no baixo e na voz, em dueto com Bia Góes nos vocais. A formação de quarteto, com sax (Dorin), baixo (Thiago), bateria (Alex Buick) e sete cordas (Arismar), evoca um clima de Victor Assis Brasil nas cores de O filme, tão deliciosamente fluente como a faixa seguinte, a sessentista Serena.
Conversa de músico conta com o sopro valioso de Naylor Proveta, da Banda Mantiqueira, e Caiçara é um samba da linha gismontiana, com Arismar mesclando violões de sete e 12 cordas e voz. De volta ao baixo, ele faz de Peixada da Lola um tema de gafieira, com o sax alto de Proveta e o trompete de Daniel D’Alcântara fazendo com a flauta de Léa e o barítono de Dorin um quarteto de sopros de alta temperatura.
Pausa para o clima de fim de tarde de feriado e bossa na curta Varandão, de menos de dois minutos de duração, e logo o espírito de jam session está de volta, em Terça às treze, com destaque para a guitarra de Michel Leme, a faixa mais longa do CD, com quase sete minutos de duração. O disco termina com A gueixa, outra faixa que parece ter imagens, justamente classificada como “clima de canal 100”.
Produzido por Thiago Espírito Santo e arranjado pelo próprio Arismar, Foto do satélite apresenta um conjunto estimulante no qual os músicos, talentosos e experientes, dialogam com a humildade necessária para a sobrevivência das grandes equipes.

© Jornal Estado de Minas: 24.10.2006
por:
Kiko Ferreira
fotos:
Eni Cunha



MPB para ouvir e ver: Arismar do Espírito Santo
Recentemente lançado esse CD conseguiu reunir os melhores músicos da MPB, principalmente os residentes em São Paulo. Participam, entre outros, Thiago Espírito Santo, Léa Freire, Silvia Goes e Proveta. Destaque para as faixas "Brincadeira de Criança" (Arismar), na delicada voz de Jane Duboc com o próprio Arismar ao piano, e "O Filme" (Arismar), na qual "nosso personagem" nos delicia com seu virtuosismo no violão sete cordas.
(Produção Maritaca)

© Jornal Folha de São Paulo: 01.10.2006
Revista da Folha por: Fred Rossi



Instrumental: CD Foto do Satélite
Arismar do Espírito Santo é freqüentemente identificado como "multiinstrumentista", mas esse aparente elogio não pode ofuscar o bom compositor que ele é. Todas as 16 faixas deste CD são criações suas, cabendo nesse grupo sambas jazzificados como "Vestido Longo" e "Tidinho", sambas repletos de síncopas como a faixa-título, sambas-de-gafieira como "Conversa de Músico", balanços suaves como "Serena", o lamento sertanejo "Cadê a Marreca" e a bossa para menores "Brincadeira de Criança". O conjunto é diversificado e, embora longo, muito agradável.
POR QUE OUVIR: além da qualidade das composições, os músicos que tocam são a família (em alguns casos, literalmente) de Arismar, o que dá um entrosamento especial às interpretações.

© Folha Ilustrada: 08.09.2006
por:
Luiz Fernando Vianna
Gravadora:
Maritaca



All TV: Programa Novos Talentos
Descrição: O programa Novos Talentos apresentado pelo crítico musical André Domingues, concebido com o objetivo de acolher e divulgar a nova safra de (bons!) cantores, compositores e instrumentistas da MPB, entrevista nesta quinta-feira das 20:00 às 21:00h Arismar do Espírito Santo e seu filho, parceiro e baixista Thiago Espirito Santo. Acesse www.alltv.com.br neste horário e acompanhe a entrevista ao vivo e a cores.

Dia: 07 de setembro (quinta-feira)
Hora: das
20:00 às 21:00h
Onde:
All TV www.alltv.com.br »



Figurões lançam CDs com sambas e violões:
Sambas e violões são denominadores comuns dos shows de dois figurões da cena musical da cidade, com novos discos saindo do forno. Ao lado de vários parceiros, Arismar do Espírito Santo e Eduardo Gudin apresentam-se amanhã (dia 2/09) e domingo, no Sesc Pompéia e no Sesc Vila Mariana, respectivamente.
Em "Foto do Satélite", seu terceiro CD, o imprevisível Arismar mostra mais uma colorida coleção de composições próprias. Do moderno samba "Tidinho" à jazzística "Terça às Treze", ele extrai surpresas harmônicas de suas cordas, passeando por ritmos como o baião, o xote e a salsa. Vinicius Dorin (saxofones) e Léa Freire (flautas) estão entre seus convidados.

© Jornal Folha de São Paulo: 01.09.2006
Guia da Folha por: Carlos Calado